Outubro, além de ser o Mês das Crianças, carrega a responsabilidade de ter também o dia mais apavorante do ano: o Halloween, conhecido por aqui como o Dia das Bruxas.
Nos Estados Unidos, a tradição do Halloween é muito presente e foi trazida por imigrantes irlandeses no século XIX. Com a inspiração da cultura americana, a data também se instalou no Brasil, tornando-se para as crianças um dia em que é permitido se vestir de monstros, fantasmas, bruxas e outra fantasias para se divertir em festas temáticas na escola, no curso de inglês ou até mesmo no condomínio ou no bairro em que residem. “Doce ou travessura” é o tema da brincadeira.
Essa temática do Halloween, no entanto, constantemente provoca reflexões e gera para as crianças uma pergunta bastante complexa e desafiadora: do que você tem medo?
O medo provoca reações variadas nas pessoas. Para as crianças, pode estar associado a experiências passadas, traumas vividos ou surgir a partir de cenas de filmes e livros em que seus personagens preferidos vivenciaram situações de perigo.
Há medos tradicionais dos pequenos, como os que estão relacionados à noite. “Tenho medo de dormir com a luz apagada”, diz Thamires, de seis anos. “Sempre que eu vou deitar a minha mãe tem de deixar a porta do quarto meio aberta para que eu possa ver a luz do corredor”, acrescenta Roberto, de quatro.
O medo provocado por animais também é bastante comum entre as crianças. Mariana, de cinco anos, é uma delas: “Eu tenho medo de cachorro. Esses cachorros grandes que a gente vê na rua. Eu sempre peço pra mudar de lado, pra não ter de passar perto deles”, conta. Já para Henrique, de seis anos, o problema é ainda mais dramático, “aparecer tubarão na praia”. O mar, aliás, sempre desperta temores: “Eu tenho medo de me afogar. Nas férias eu vi um menino que entrou no mar e a onda pegou ele, levou pra longe. Ficou todo mundo procurando. Agora só vou ficar na beiradinha”, diz Henrique, de seis anos.
Este é um ponto positivo. O medo não é algo ruim para a vida, ele nos protege e nos ensina a ter atenção e cuidado. Psicólogos e educadores explicam que, para cada situação, existe uma maneira de lidar, conversar, explicar as origens dos receios e tratar os traumas. Para as crianças, conforme crescem, os anseios mudam e trazem novos temores, igualmente naturais, como a reação dos pais ao seu comportamento. “Tenho medo da minha mãe quando ele está brava”, diz o menino Bernardo. “Tenho medo de levar bronca se tirar notas baixas na escola, de esquecer de fazer os deveres”, acrescenta Evandro, de sete anos.
É nessa fase que até mesmo preocupações mais adultas também começam a entrar em pauta, como as de Rafaela, sete anos, que fala do medo de “ficar pobre, não ter comida e não poder comprar roupas novas”, ou de Joel, de seis, que tem medo “de ir ao dentista e de pegar coronavírus”.
Para os pais, é importante permitir que a criança viva cada fase do medo, para se tornar um adulto livre de amarras causadas por problemáticas da infância. Mas, e no dia 31, o que fazer? Lidar com a data de forma divertida é a melhor opção! Histórias, criatividade nas fantasias e até mesmo na decoração da casa trarão para os pequenos uma memória afetiva do momento, fazendo com o que a data seja lembrada com carinho na vida adulta.