Veja como lidar com eles
Quantas horas seus filhos passam todos os dias na frente do computador jogando? E que tipo de jogos eles preferem? É comum, na conversa entre pais, surgirem questões como essas. Não se trata de bisbilhotar a vida alheia. O que se busca é estabelecer parâmetros para um dos dilemas mais difíceis hoje em dia na educação de crianças e adolescentes: a relação com os games, especialmente os games mais violentos, os preferidos da garotada. O que fazer? Que limites impor? Devo proibir algum jogo? Será que estou agindo certo com os meus filhos? Quem ainda não se fez essas perguntas, não é mesmo? Vamos tratar um pouco desse assunto, então.
Qual o efeito dos jogos violentos para as crianças?
Esse é o primeiro ponto da discussão. E não pense que há consenso. Estudos divergem, mas, em geral, relacionam de alguma forma jogos violentos ao comportamento agressivo dos jovens. A maioria dos especialistas, porém, ressalta que comportamento agressivo e prática de violência são manifestações bem diferentes. E, neste sentido, não seriam os jogos que inspiram alguém a sair dando tiros na escola ou arrumando uma briga a cada esquina.
O ambiente em que vivem crianças e adolescentes, a educação e a formação que recebem em casa são o fator determinante, para definir suas atitudes e sua personalidade. As chances de que o universo virtual, um jogo por mais violento que seja, transforme a vida de quem se sente respeitado e amparado na vida real é infinitamente menor do que no caso de um jovem que viva em um ambiente desajustado. Ou seja, culpar os jogos violentos pelo comportamento dos filhos acaba sendo muitas vezes uma forma de os pais – e por vezes até a escola – transferirem suas responsabilidades e justificarem suas próprias deficiências na tarefa de educar.
A importância de impor limites
Por maior ou menor que sejam os efeitos negativos dos jogos violentos, uma coisa é certa, une psicólogos e educadores de todas as correntes: é preciso impor limites. O risco maior para a criança é que jogar se torne um vício. Vale lembrar que, desde 2018, o consumo compulsivo de games passou a ser considerado transtorno mental pela Organização Mundial de Saúde.
Mas como perceber que a diversão virou um distúrbio? O principal é acompanhar o comportamento das crianças. Observar se o interesse por jogar bola, sair de casa para passear, encontrar os amigos ficou em segundo plano. O rendimento escolar, lições de casa que deixam de ser feitas, insônia e sono irrequieto são outros fatores a serem avaliados. O jogo é um prazer. Mergulhar no universo das batalhas virtuais muitas vezes é uma fuga, uma forma de crianças e adolescentes se distanciarem de problemas na escola, na família ou de dúvidas e inquietações próprias.
Não há uma fórmula pronta, uma cartilha, para estabelecer limites. Liberar o computador duas ou três horas por dia durante o período de aulas, aumentar esse tempo nas férias, varia de caso a caso. O limite deve ser aquele que faça com que os games não afetem as rotinas e obrigações do dia a dia, os estudos, as atividades extracurriculares, a hora das refeições, as oito horas de sono que são saudáveis para o desenvolvimento. Assim, deixar a criança passar a tarde toda no computador, se afastar dos amigos e do convívio familiar não é o ideal – virar a noite jogando então, nem pensar.
Participe e dê o exemplo
Uma recomendação importante dos especialistas é a participação dos pais ao lado dos filhos. Procure se interessar pelos jogos, entender sua lógica. Jogar com os filhos, além de proporcionar bons momentos de convivência familiar, vai permitir um diálogo mais aberto e fundamentado sobre a temática dos jogos, a necessidade de se impor e de respeitar os limites, por exemplo.
Mas além da participação, há um outro papel importante a ser exercido pelos pais: o de dar o exemplo. Sabe aquele ditado antigo, “faça o que o digo, não faça o que o eu faço”? É hora de deixá-lo para trás. O seu comportamento também precisa mudar: se você quer controlar o tempo do seu filho no computador não pode passa horas com o rosto mergulhado na telinha do celular ou assistindo aquela série favorita na TV. Se quer que o seu filho se integre, não se afaste do mundo real, converse, momentos família são essenciais.