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Momento Dourado: uma nova rotina após a cura do câncer infantil

Há 7 meses

Criança sorrindo para mãe, ambos em uma cama, após a cura do câncer infantil.

Idas frequentes ao hospital, internações. O afastamento da escola, o distanciamento dos amiguinhos, medicamentos que provocam alterações físicas emocionais nos pequenos. Durante o tratamento do câncer infantil são muitos os transtornos que surgem. Uma mudança radical no dia a dia da família, obrigada a alterar a rotina da casa e, por vezes, até do trabalho.  

Mas, além de tudo isso, o que mais abala emocionalmente os que convivem de perto com a criança é o medo da perda. Por isso, buscar apoio de profissionais de psicologia, que trabalhem em conjunto com a família, a escola, e a equipe médica, é muito importante. Não apenas para enfrentar o tratamento, mas, para quando a cura chegar, deixar para trás o sofrimento e a angústia, seguindo a vida com alegria e confiança.  

Desafios após a cura do câncer infantil 

Recomeçar após a cura do câncer infantil nem simples é tarefa fácil. A criança, a família precisam se adaptar a uma nova rotina. Cuidados específicos têm de ser mantidos, alguns por vários anos, ainda que a criança volte a ter uma vida normal. A volta à escola, o reencontro com os amigos, as brincadeiras e os passeios em família no fim de semana, tudo ganha uma dimensão diferente.  

É exatamente por isso que um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica defende o acompanhamento psicológico. O estudo diz que, além do apoio durante o tratamento do câncer, o acompanhamento dos pacientes e familiares continue mesmo após a alta médica. Isto porque a criança curada da doença, não raramente, enfrenta dificuldades no convívio familiar e social e no rendimento escolar. 

Alguns fatores contribuem para isso. A curiosidade dos colegas que querem saber o que aconteceu, por que os cabelos caíram, a dificuldade de recuperar os conteúdos perdidos. Por vezes, até mesmo a atenção dividida com o irmão, ou o fim da dedicação quase exclusiva dos pais ao retornarem a sua rotina normal.  Tudo isso pode despertar traumas, provocar isolamento, revolta e até um sentimento de ser diferente.  

Neste sentido, a terapia pós-alta tem o objetivo de auxiliar no enfrentamento dos efeitos traumáticos que o diagnóstico do câncer e seu tratamento proporcionam. É uma forma de disponibilizar recursos que busquem o equilíbrio emocional, contribuam para uma vida saudável e renovem as energias para enfrentar situações de dificuldade que sempre podem surgir. 

Como enfrentar as sequelas do câncer? 

Mesmo depois da cura, em muitos casos, crianças que tiveram câncer precisam enfrentar sequelas deixadas pela doença. Podem ser alterações na fala, na audição, no equilíbrio ou nos movimentos de algum membro. São manifestações que podem ser temporária, ou perdurarem por toda a vida, em situações de maior gravidade.  

Por isso, além da psicologia, o acompanhamento de profissionais especializados em fonoaudiologia, fisioterapia ou mesmo um personal trainings pode ajudar na recuperação e reintegração dos pequenos.  Atividades como terapia ocupacional, natação, esportes de pouco impacto físico são alguns dos procedimentos indicados, considerando-se, é claro, o quadro clínico de cada paciente. 

Por fim, o estímulo à independência e a autodeterminação são importantes. Pequenos atos como se vestir e escovar os dentes sozinho, entre os menores, ou organizar o horário das próprias tarefas, entre os mais velhos – são muito bem-vindos, em especial durante a fase inicial de recuperação. Tudo isso deve ser feito de maneira gradual, sem imposições, mas ao mesmo tempo sem dispensar a criança um tratamento de “coitadinho”. Esse tipo de abordagem, além de atrasar o processo de reintegração, pode tornar a criança dengosa e dependente, impactando sua personalidade e o seu futuro.  

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