Voluntário, na definição do dicionário, é aquele que se compromete com um trabalho, ou assume a responsabilidade de uma tarefa, especialmente em causas de interesse social e coletivo, sem ter a obrigação de fazê-lo e sem receber remuneração para tal.
Na maior parte das instituições especializadas no tratamento de câncer infantil, a atuação de voluntários é um pilar essencial para assegurar um tratamento humanizado para crianças e adolescentes. Hoje é praticamente impossível manter o funcionamento desses centros de excelência, espalhados por todas as regiões do país, sem que haja um envolvimento efetivo da comunidade nas mais diversas áreas de suporte ao trabalho dos médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde.
Voluntariado em entidades de apoio à criança com câncer
Por todo o Brasil, ONGs se dedicam ao trabalho de voluntariado. Atuando em 85 hospitais de 23 cidades do Brasil, a Associação Viva e Deixe Viver conta com cerca de 1.300 voluntários contadores de história, que leem em média 22 mil livros por ano. Valdir Cimino, fundador da associação explica que são pessoas que dedicam o seu tempo para levar um momento de distração e felicidade aos pacientes. A entidade oferece cursos regulares de formação de contadores de história e cada voluntário fica de 2h a 2h30 semanais nos hospitais. “Aquela criança está triste ou vai fazer uma cirurgia. Quando a gente recebe essa informação, a gente vai levar motivação e coragem. Vai construir uma história com ela”, explica Valdir.
Outra entidade com atuação em vários estados do Brasil é a Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC) que trabalha no apoio psicossocial e existencial a crianças com câncer e seus familiares, oferecendo gratuitamente hospedagem, alimentação, transporte, orientação psicossocial e existencial aos pacientes e seus familiares. Sem fins lucrativos, a entidade mantém um programa voluntariado, que funciona desde a sua fundação e atende às mais diferentes áreas de atividades.
Aqui no Sul, ações de voluntariado promovidas por ONGs também desempenham papel importante no tratamento de crianças com câncer. A ONG Liga Super-Ação, por exemplo, criou, em pareceria com o Hospital Santo Antônio, o projeto Mega Fórmula, que tem como objetivo promover um ambiente mais lúdico e acolhedor aos pequenos, se utilizando de super-heróis, princesas e outros personagens para amenizar os incômodos da quimioterapia. Embalagens caracterizadas com esses temas envolvem os medicamentos aplicados, como se fossem uma Mega Fórmula que vai deixar o paciente mais forte e corajoso para enfrentar o tratamento.
Voluntariado nos hospitais de câncer infantil
Cada instituição hospitalar tem um programa próprio de voluntariado, adequado ao seu perfil e de acordo com as suas necessidades específicas. Mas há alguns pontos em comum a quase todas. Os voluntários passam normalmente por um programa de treinamento em que conhecem o funcionamento da instituição, os objetivos e as expectativas sobre o seu trabalho. Vale lembrar que pela lei que regulamenta o trabalho voluntário no Brasil, a jornada é de quatro horas por semana, podendo ser estendida em mais duas horas com a anuência das partes.
De forma mais frequente, o trabalho voluntário se concentra em atividades que proporcionam o bem-estar da criança e do adolescente. “O paciente pediátrico passa pelo processo da doença, da separação da família, de sua casa e suas referências de uma maneira diferente do adulto. O voluntário atua para tirá-lo, de certa forma, desse ambiente ‘estranho’ e, para isso, precisa conhecer as etapas do desenvolvimento da criança e a brincadeira e o comportamento adequados para cada idade e situação”, explica Sandra Mutarelli Setúbal diretora da Rede de Humanização do Sabará Hospital Infantil de São Paulo, no texto de apresentação do seu programa de voluntariado.
Mas há atividades de apoio interno em outras tantas áreas, como de suporte emocional a familiares de pacientes, administrativo, de logística e de comunicação, por exemplo, que estão disponíveis a voluntários de diferentes formações. O Hospital Santo Antônio de Blumenau (SC), por exemplo, mantém o programa Voluntário Visitador, oferecido a pessoas que se prontificam a visitar os pacientes internados, com o objetivo de servir, levando um apoio, através do diálogo. “O voluntário é a visita que não veio”, define a economista aposentada, Maria Luiza Casnati, que participar do programa. O HSA também tem voluntários nos projetos de contação de histórias e salão de beleza, nos quais os profissionais dedicam seu tempo gratuitamente num trabalho que tem se mostrado importante para melhorar a autoestima dos pacientes.
Então, você também quer ser um voluntário? Procure as instituições de sua cidade ou região, hospitais, ONGs e outras entidades de apoio e se informe sobre seus programas. Você vai ver que não é apenas fazer o bem, mas é receber também e crescer como cidadão.