Em tempos de pandemia, diversos hábitos e atividades presenciais precisaram ser
interrompidos ou passaram a funcionar em novo formato, como a escola e os cursos
extracurriculares. Para as crianças, essas mudanças bruscas podem causar reações
como irritação, negação, cansaço excessivo ou até mesmo uma tristeza profunda,
entra tantos outros comportamentos diferenciados.
Diante desse turbilhão de alterações na rotina e adaptação ao “novo normal”, os pais
ficam na dúvida se é o momento de procurar um auxílio profissional. Mas será que a terapia
à distância funciona para os pequenos? E quando o tratamento já era feito, como migrar para
as telas? Para esclarecer essas dúvidas e trazer ainda mais informação sobre esse tema
tão essencial, a equipe Tateti entrevistou a psicanalista Marileia Rosa.
Equipe Tateti: Por que os pais buscam terapia para as crianças?
Marileia: Os pais buscam terapia quando percebem que algo na criança está diferente,
quando o pequeno tem algum conflito que não consegue verbalizar. A dor de barriga
no momento de ir para escola é um sinal bastante comum, assim como a dor de
cabeça. A criança diz: está doendo, mas não sabe descrever além disso, apenas que
dói. É a partir da repetição da fala da criança que os pais devem buscar entender o que
ela está tentando dizer, que existe algo a ser resolvido. Outra situação bastante
corriqueira é a mudança no sono e na alimentação. Quanto ao sono, a criança pode
não conseguir dormir, passa a ter medo do escuro ou de ficar sozinha e solicita dormir
com os pais. O contrário também pode acontecer: dormir além do que é saudável. A
alimentação também merece atenção. Ela pode indicar se a criança está passando por
um quadro de ansiedade, como comer em excesso ou ficar totalmente sem apetite.
Equipe Tateti: Notando as mudanças de comportamento, é crescente o número de
pais que buscam tratamento profissional durante a quarentena. Se a criança nunca
teve essa experiência, como agir?
Marileia: A quarentena tem provocado diversas situações diferentes e difíceis de
assimilar para as crianças: medo do vírus, de perder alguém da família, angústia de não
ir para a escola, saudade dos amiguinhos e das professoras, não ter mais acesso aos
espaços de brincadeira e atividades em grupo. Quando os pais percebem que esses
sentimentos já estão atrapalhando o rendimento e a rotina dos pequenos, quando
essa dor e medo se tornam frequentes e as conversas em família já não resolvem, é
necessário a busca por um conselho profissional. Por isso é imprescindível a
observação constante do comportamento dos pequenos, alimentar o diálogo todos os
dias e criar o hábito de ouvir suas histórias, mesmo que repetitivas.
Equipe Tateti: Se a criança já fazia terapia antes da pandemia, é possível migrar para o
formato online?
Marileia: Para as crianças menores de nove anos, ficar em torno de uma hora
conversando via vídeo pode ser uma tarefa bastante complicada. Nesses casos, eu
costumo indicar sessões de orientações para os pais, em como lidar nesses momentos
de isolamento social. Porém, se a ligação entre a criança e o terapeuta já ocorre de
forma natural, vale a pena tentar manter o atendimento via vídeo.
Aqui é a Mariana Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns.